quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Babywearing: praticidade e contato pele a pele




Não sei o que seria de mim sem babywearing. No primeiro filho era uma mão na roda, agora com dois filhos é praticamente o braço inteiro! Usei desde o primeiro dia de nascido dos dois e Cauã usou até cerca de um ano e meio, mas tem gente que usa mais tempo. Andar de transporte público fica incrivelmente mais fácil, especialmente se preciso colocar o mais velho no meu colo sentada. Além disso, descer com o cachorro e com uma criança andante se torna bem mais prático e fácil, garantindo, quase sempre, uma soneca da pequenina no colo deixando minhas mãos livres para segurar a mão do pequeno mais velho!


Existem diversos modelos e cada pessoa se adapta melhor a um tipo. Confira uma tabela com os modelos aqui. Eu particularmente amo o wrap sling para bebês mais novos, acho o modelo pouch super prático (mas me deixa com uma dor na coluna por não distribuir o peso) e mais recentemente descobri o ergobaby e confesso que tem sido um caso de amor. Achei mais prático e ele proporciona o mesmo ajuste respeitando a anatomia do bebê.

Pouch Sling Foto:babysteals.com
ergobaby.com
Wrap sling! 







O carregador de bebê deve proporcionar uma angulação correta dos joelhos em relação aos quadris, proporcionando maior conforto e respeitando a anatomia do bebê. Há quem diga que o babywearing auxilia inclusive o desenvolvimento da articulação fêmur-quadril. Observe a figura abaixo.

Aqui no Coletivo Maternar já falamos sobre o aspecto histórico do sling na humanidade.
Existem inúmeros benefícios do uso de babywearing para mãe e bebê, tais como os citados abaixo, dentre outros:
  • Auxílio na consolidação do vínculo cuidador-bebê;
  • Alívio de cólicas e choros;
  • Praticidade para a mãe;
  • Auxílio na produção do leite;
  • Proteção de fatores ambientais como barulho, luz, olhares curiosos...
Dentro do pano um mundo de sons e cheiros conhecidos deixam o bebê mais calmo. Pode ser que no início o bebê estranhe, mas basta balançar um pouco que o bebê se acalma e se acostuma trazendo memórias de dentro do útero. Olha como a Cecília, com quase 15 dias, ficava dentro do sling. Parecia que ainda estava dentro de mim! Uma delícia pra ela e pra mim! ;)


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Brincando de escavar fósseis de dinossauros!

Se tem uma coisa que as crianças em torno dos três anos tem amado é tudo relacionado ao tema de dinossauros. Na escola do Cauã eles estão desenvolvendo um projeto bastante interessante sobre
os dinossauros e domingo ele ganhou do avô um brinquedo que deixou todo mundo da casa entretido
por cerca de uma hora contínua (loosho aqui)!

É um kit de arqueologia de dinossauro. É um molde de gesso que tem ossos de dinossauro dentro e que vem com um kit pra você ir quebrando o gesso e encontrando as peças. Depois é só montar tudo e aí tem o dinossauro.

Obviamente que você não precisa comprar um kit desses pra brincar disso. Esse brinquedo me deu mil ideias de outras atividades pra fazer com Cauã! Por exemplo, pode-se brincar disso no parquinho.
Se você não tem as peças em plástico, não tem problema. Dá pra imprimir e recortar e fazer uma colagem depois em papel cartão e montar como um quebra-cabeça!

Aqui tem uns moldes que separei do google nesse link.

Nessa atividade trabalha-se: concentração, coordenação motora fina e integração sensorial

Divirtam-se!

domingo, 13 de setembro de 2015

Antes de falar, pense duas vezes.

“Cuidado viu, a cunhada da prima do vizinho do meu namorado morreu no parto normal. O filho da amiga da tia do meu professor ficou com problema por causa disso.”

Ah! As entidades fantasmagóricas que assombram o inconsciente coletivo e que parecem cutucar as pessoas quando vêem uma mulher grávida para contar toda e qualquer história milaborante cheia de carga negativa para carregar ainda mais a mente e o coração daquelas que geram uma nova vida que chegará ao nosso planeta.

O ato de estar grávida parece ser bastante social quando o bebê está na barriga e quando está nos braços da mãe. Mas infelizmente caminhamos para um ato social que é individualista, porque ele parece ser somente um mundo de pitacos e histórias de caráter duvidoso ao invés de ser um portal de acolhimento da mãe e do bebê.

Estar grávida para algumas pode ser uma dádiva, para outras um fardo. A grávida conta já com uma série de novidades no seu corpo, mente e espírito. Anseios, medos, expectativas, mudanças bruscas permeiam o resto da vida da mulher que se torna mãe. Pode parecer que não, mas a maternidade pode ser um tanto isoladora. Primeiramente porque esse papel social dos indivíduos que contam histórias mirabolantes, ou que acariciam a barriga sem pedir permissão, termina ali. Quando a mãe precisa de apoio depois do nascimento, por exemplo, essa função social morre. É um ser social individualista e egoísta. Onde ele faz algo sem cogitar o que a grávida sente ou pensa a respeito, portanto, deslegitimando a mulher e o bebê. Mas isso vai muito além.

Quando você fala algo ruim, seja contando uma história seja compartilhando histórias negativas sobre qualquer que seja o assunto, você está jogando uma carga negativa no ser que chega. Já pensou sobre isso? A gestante lê ou ouve algo desagradável e seu corpo biologicamente irá responder, e a sensação que ela tiver o bebê irá sentir. Já bastam as tristezas inerentes à existência, né?

Na minha primeira gravidez, tive que rebater inúmeras vezes comentários desnecessários sendo até mesmo grossa para que as pessoas compreendessem o limite que eu estava colocando. Na segunda gestação, ainda colhi alguns desses frutos, principalmente de pessoas mais próximas que compreenderam os limites que eu já impunha. Mas qualquer grávida/mãe sabe como, por exemplo, se sai uma reportagem negativa sobre parto, imediatamente algumas muitas pessoas compartilham com essa mulher. Já se saem reportagens positivas, ou não compartilham ou um número significativamente menor de pessoas o fará.

Por isso hoje, eu convido você a assumir a responsabilidade enquanto ser Humano no planeta Terra. Uau! Parece um pouco demais? Não.

Bem simples: quando você tiver contato com uma gestante simplesmente conte histórias positivas, fale sobre coisas legais. Já basta o patriarcado e o machismo cotidiano para oprimir as mulheres. Leve mensagens de apoio,, procure escutar o que ela tem a dizer e respeite. Respeito mútuo é algo básico para termos relações saudáveis, não é mesmo? 

Então, vamos encher esse bebê de coisas positivas. Pra que ele saiba que a vida aqui fora vale a pena e pode sim ser muito bonita.

Em alguns lugares, as gestantes ficam recolhidas no período da gestação, por considerarem esse período sagrado e por isso muito importante utilizar um filtro para a energia que chega à mãe e ao bebê. No Brasil já existem locais que os casais vão durante esse período até um pouco após o parto para viverem a plenitude do momento sem as influências negativas que conviver em sociedade pode proporcionar.

A mesma dica fica para as pessoas que conhecem mães. As mães dão o melhor que podem. Se quiserem ajuda ou sugestão, vão pedir. Portanto, nada de encher de carga negativa ou de pitacos (que podem ser mau recebidos) mães e pais, ok? Vamos criar uma rede de apoio consciente de seu papel e apoiadora de verdade das mães e pais.  

Vamos ensinar a todos que nos rodeiam sobre a importância do bem dizer?

Participe compartilhando notícias ou coisas bonitas para gestantes e mães do seu círculo social use a #falarconsciente


sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Relato de parto da Cecília e o renascimento de mim mesma

Dia 16 de junho eu completaria 37 semanas. Dia 15 comecei a sentir contrações doloridas de 10 em 10 minutos. Dei pulinhos de alegria, derramei algumas lágrimas de emoção e fui sentindo aquilo. Logo depois me vieram cenas do nascimento do Cauã na cabeça (mais no coração, talvez). Sabia que elas poderiam aparecer. Nós não tivemos uma experiência positiva no primeiro nascimento e eu sabia que o segundo nascimento poderia trazer memórias guardadas. Mas tinha me preparado ao longo da gestação para isso. Gestei bem algumas dores e pari elas ao longo da gestação da Cecília, porque sabia que memórias assim poderiam atrapalhar o parto. Enfim, abracei essas dores com toda a minha vontade a ponto de elas sumirem. Fazem parte da nossa história, afinal. Então avisei à minha equipe depois de algumas horas e fui tomar um banho quente como pediram. Tomei e as contrações sumiram. Brochei. Poxa, eram pródromos. Então fui pra rotina normal e fui dormir. Na madrugada as contrações apertaram, mas não ritmaram. Doíam pouco, agora sei. No dia seguinte tinha consulta de pré-natal (em casa) com minhas enfermeiras, a Ana e a Nath. A Ana me avaliou, avaliou Cecília, tudo bem. Contrações doloridas, que perdiam o ritmo. Pródromos. Era isso, era uma questão de tempo. Ah! O tempo. Sempre tivemos uma relação um tanto conturbada. Coisa de quem é ansiosa. Enfim, sabia que os pródromos poderiam durar alguns dias. Só não sabia que poderiam durar tantos dias. Dias de intenso aprendizado, cura e preparação. Oscilava entre “meu corpo sabe parir, é só esperar”, “será que tem alguma coisa errada?”, “acho que ela não tá pronta”, “Cecília sai logo daí cara, vamos nascer, quero parir”. Loucura total. Absoluta imersão no meu caos interno. Que viagem deliciosa, penso eu agora, já fortalecida (e fora do turbilhão). Pois bem, nesse período, logo no início, pedi pra doula vir, me ajudar, fizemos algumas medidas naturais para indução, chá, escalda-pés, massagem. Nada parecia funcionar. Claramente porque Cecília ainda não estava pronta. (E acho que nem eu). Ao longo dos 21 dias a única coisa que pensava era que não queria pressão social. Como sou espertinha e já passei por isso no primeiro filho, menti a dpp pra todo mundo. Sim família e amigos, menti. E sinceramente, todas as grávidas deveriam. Gestar é um processo social, além do individual, obviamente, mas as grávidas e seus bebês sofrem uma pressão sem fim que não necessitariam sofrer. Então, como minha primeira gestação chegou às 42 semanas e eu já estava quase mandando todo mundo pra putaquepariu (trocadilho besta hein), resolvemos mentir. Voltando à imersão dos 21 dias. Foram muito difíceis. Porque eu não me sentia a vontade para sair de casa, já que a cada contração dolorosa eu precisava parar um pouco e respirar fundo. As pessoas olham com certa preocupação para mulheres visivelmente a beira de parir e paradas respirando diferente. Então passei a maior parte do tempo em casa. Pra não surtar completamente, comecei a inventar pequenos projetos de artesanato. Lavar roupa. Dormir. Ler. Ver séries (o melhor passatempo EVER). Depois de 15 dias achando que a qualquer momento ia engrenar, comecei a ter certeza de que nunca mais seria uma pessoa não grávida. Juro que comecei a viver como se eu fosse ficar pra sempre naquela condição. Até que...

Até que meu companheiro me deu um empurrão num processo que eu precisava perceber: minha ansiedade estava me consumindo. Todo dia de manhã quando acordava e percebia que não tinha parido, passava o dia borocochô. Depois da dica fiquei mais atenta a lidar com sabedoria com o processo. Vez ou outra ia conversar mentalmente com as paridas do meu painel de inspiração. Ah a danada da espera. Entender que a qualquer momento o trabalho de parto poderia de fato começar me deixava super ansiosa para qualquer contração mais doída. Lembro que as contrações mais fortes eu falava em alto e bom tom: é isso aí, manda brasa! (hahaha amadora) Mas elas foram episódios isolados, pessoas solitárias em meio às contrações doloridas de verdade. As parteiras disseram pra mim: quando for trabalho de parto, você vai saber. (de fato eu realmente soube). Então galeuris fica a dica: pródromos longos? Depois de aproveitar pra descansar, vá fazer qualquer coisa pra pensar em outra coisa que não seja o parto. No meu caso, como eu tive MUITO tempo, eu usei a maior parte pra ficar sendo bipolar entre “a Cecília não tá pronta, quando estiver vai engrenar” para “vai Cecília nasce logo”. Até o momento em que eu me conectei comigo mesma, ouvi meus medos, me tranquilizei conversando francamente com minhas parteiras e decidi ir ao cinema, fazer outras coisas puramente com fins distrativos. Cerca de quatro dias antes do parto, fiz acupuntura e depois moxa. As contrações ficavam bem fortes e frequentes logo depois das aplicações, mas sem ritmo. E sumiam depois de um banho quente ou de deitar na cama. Na última semana eu consegui dormir todas as noites inteiras, as contrações simplesmente pararam de intensificar durante a madrugada, me deixando mais ainda com a sensação de que ia ficar pra sempre grávida. No domingo antes do parto fui a uma feira ao ar livre dar um rolé e foi ótimo. Encontrei pessoas, gargalhei, comi, admirei a beleza de Brasília e suas intervenções urbanas, além das naturais.

No dia seguinte, seis de julho. Pela manhã fomos ao parquinho com Cauã. Fizemos almoço. Estava vivendo a vida, o presente, finalmente. Já não sentia mais ansiedade como antes. Parava nas contrações dolorosas, fingindo admirar o céu, a árvore, quando estava na rua, pra evitar olhares curiosos ou preocupações desnecessárias de desconhecidos.  Depois do almoço fui cochilar com o mais velho, deitei ao lado dele, fiz carinho, adormeci. Algum tempo depois acordei com uma contração, senti algo fazendo ploc e levantei rapidamente quando a contração passou. E aí, eis que minha bolsa tinha estourado. Yes! Finalmente! Torcia para que as contrações começassem a se intensificar. Cauã dormiu tanto que achamos melhor não ir para a escola. A Ana veio me avaliar e estava tudo bem, pediu pra eu seguir a vida normalmente até que engatasse mesmo. Já pro final da tarde eu tinha tido episódios isolados de contrações bem mais dolorosas. Resolvemos sair para lanchar e ir ao mercado abastecer para o parto. Do lanche eu não consegui ir ao mercado. As contrações estavam espaçadas mas bastante doídas. Fui para casa, tomei um banho quente e fiquei torcendo para que as contrações não desaparecessem. E não desapareceram. Marido e filho chegaram, contrações estavam apertando. A cada uma, eu vocalizava continuamente, usando a técnica de respiração abdominal e abertura da boca para a abertura dos anéis do corpo. Mas infelizmente Cauã ficou incomodado com minhas vocalizações e achamos melhor pedir para que meus pais o levassem para a casa deles. Já tínhamos combinado isso previamente. Após a saída de Cauã, me soltei de verdade e pude me entregar ao processo sem preocupações. Avisei à doula e às parteiras que as contrações tinham se intensificado. A cada uma, eu vocalizava, usando a expiração de uma inspiração longa e vagarosa. Léo, meu companheiro, deixou as luzes indiretas, como eu queria. Ficou um pouco comigo. Fui pro chuveiro e as contrações ficavam mais intensas. Estava muito contente de ver meu corpo funcionando. As parteiras chegaram e foram organizar as coisas. Saí do chuveiro e fui pro quarto, sentei na banqueta de parto e pedi que meu marido ficasse atrás de mim. Passada a contração vi que tinha saído cocô, e não fiquei com vergonha. Não sabia como iria reagir a esse momento e poucos relatos falam do cocô. Pois é, tamanha força e compressão do reto, sai cocô. Pouco. Nada demais. Enfim, estava doendo pra caralho. Muito mesmo. Eu vivia um duelo porque sabia que tinha que apagar meu neocortex pra coisa rolar mais naturalmente. Mas se eu estava pensando em apagar o neocortex provavelmente eu não tinha apagado, pensava eu. E aí a Ana perguntou se eu queria a piscina. Eu perguntei se dava tempo. Elas disseram que talvez fosse interessante fazer um toque para avaliar em que patamar estávamos. 20h: Nath veio, avaliou. Não falou nada e saiu. Nessa hora já imaginei que deveria estar desfavorável, com colo grosso e pouca dilatação. Ela foi sábia pra caramba de não ter me dito. E eu não perguntei porque não queria brochar ou duvidar do meu processo. Tamanha sensibilidade minhas parteiras tinham. Sabiam que minha ansiedade poderia atrapalhar e souberam lidar com isso e comigo de uma maneira ímpar. Sou muito grata à maneira que tudo foi conduzido. Após perceber que o processo poderia demorar, de ver a movimentação pra montar a piscina e tal, resolvi esperar no chuveiro, relaxando, vocalizando agachando, me entregando. Deixei uma luz de led na tomada, liguei o chuveiro no mais quente possível e fiquei lá por um tempo. A cada contração soltava: aaaaaaaaaaaaaaaaaaa. Tipo aquela daquele post que fiz sobre o canto carnático. Lembrei muitas vezes daquela indiana que conduziu as mulheres no canto. Do som da água do vídeo. Do vídeo do parto da bailarina vocalizando também. Aí minha doula chegou! Ufa! Elisa chegou e perguntou prontamente o que eu precisava. Eu disse que estava muito frio. Veja, o banheiro tem uma janela quebrada que sempre me irrita porque deixa passar um ventinho frio assim que saímos dentro do box do banho quente. E eu estava com a porta do box aberta. Então... Elisa convocou Léo e elaboraram uma engenhoca pro vento parar de me incomodar. Colocaram alguns sacos plásticos na janela com fita crepe e funcionou muito bem. Tão bem que eu podia ver a fumaça do banheiro contra a luz led da tomada. E a partir daí a imersão foi belíssima.

Sentia as dores da contração. Doíam muito. Perguntava pela banheira, mas não estava pronta. Sentia meu corpo se abrindo. Contração vem, vocalização, respiração. Contração vai, procurava relaxar os outros músculos do corpo: cervical, face, mãos e braços. Contração vem: vocalização, respiração. Contração vai: lembrar de apagar o neocortex. Contração vem: vocalização, respiração. Contração vai: eu tenho que parar de pensar em apagar o neocortex e me entregar. Contração vem: vocalização, respiração. Contração vai: ah que delícia as massagens da doula. Contração vem: nossa isso tá doendo pra caralho, acho que vou sair do chuveiro. Contração vai: vamos pra cama, tô morta, preciso descansar! Elisa vai comigo pra cama. Deito de lado e simplesmente as contrações parecem não parar. Não dá pra descansar. Fico gritando pra Elisa apertar meu quadril. Usou toda a força e aliviava bem. Uma hora ela estava praticamente em cima de mim de tanta força que eu pedia. Mas aliviava mesmo. Deitada foi horrível, doeu mais. Não deu pra descansar. Pedi pra voltar pro chuveiro, porque a piscina não estava pronta. Voltei pro chuveiro. Durante as contrações comecei a perceber a analogia das ondas do mar. Perfeito. Vem e vai, vem e vai. Mas chegou um momento em que começaram a ficar quase insuportáveis. E aí... aí eu disse aquela frase CLÁSSICA de quem está perto de parir: EU ACHO QUE VOU MORRER. E depois de vomitar, fazer cocô (não sei se eu realmente fiz) e gritar isso, imediatamente depois, eu pensei: putz, tá perto mesmo! Elisa disse logo depois: Que bom! Tá pertinho! Você consegue! E aí a Nath veio perguntar se eu queria agulhamento. A Ana, a outra enfermeira, tem um curso e usa uma técnica de agulhamento a seco no parto para alívio da dor. Eu nem esperei a Nath terminar de falar. Ouvi agulhamento e disse EU QUERO! Ok. Ana vem, com toda sua sabedoria, falando baixinho. Senta na frente do box. Não sei que magia a voz da Ana tem, mas fiquei instantaneamente mais centrada só com o tom da voz dela. Estava em uma contração, perdendo as estribeiras, querendo partir pro caos ao invés da entrega harmoniosa e lembro da Ana: respira Gabi, devagar, já já passa. Se eu pudesse eu gravava o jeito que ela falava. Era quase uma hipnose. Automaticamente a contração passava a ser suportável, eu voltava a vocalizar, a vibrar os lábios pra auxiliar a mucosa a relaxar, a rebolar. Entre uma contração e outra, consegui sentar na banqueta de parto e ela aplicou. Fiquei 15 minutos com as agulhas. Com 3 minutos veio outra contração, mas já senti uma melhora da intensidade, muito mais suportável. A Ana tirou as agulhas, Elisa voltou, e eu fiquei lá, em imersão em mim mesma. Quando eu pensava em titubear pensando no toque que eu sabia que não tinha grande dilatação eu lembrava rapidamente da lei do esfíncter, e isso me tranquilizava muito. Sabia que abrindo a boca ajudava a abrir o colo do útero, vibrando o lábio relaxava a mucosa e o períneo e usei e abusei dessas técnicas. Então comecei a sentir puxos. Puxo é quando dá vontade de fazer força. Depois do primeiro, avisei a Elisa: Elisa estou tendo puxos! Ela saiu e foi chamar a Ana. Ana veio. Perguntou se eu conseguia sentar para ela me avaliar. Eu sentei, de costas pra ela, porque a banqueta estava virada de costas pra saída do box, que é um quadrado que só cabia eu. Enfim, Ana pediu pra eu virar e eu já na minha versão bicho disse que não, que ela ia ter que me avaliar assim mesmo. E aí ela avaliou, fez um contorcionismo danado, fez um toque e pediu pra que eu tocasse. Toquei e pude sentir a cabeça de Cecília no canal de parto. Foi uma sensação incrível. Então pedi ajuda, viramos a banqueta e eu. Ana sentou, colocou sua luz de escavador na testa (hahaha) e eu apoiei o pé esquerdo no joelho dela. Segurei no suporte da parede com uma mão e com a outra segurei na barra da porta do box (que não sei como não quebrou). JURO que o expulsivo não doeu. Durante uma contração e outra do expulsivo eu tive a sensação nítida de estar em cima da prancha no mar, esperando a próxima onda. Com a mesma calmaria, com a mesma paz, com a mesma plenitude e sintonia com a natureza. Vibrei lábios entre as contrações. Abri ao máximo a boca e vocalizei durante as contrações. No segundo puxo eu queria um pouco perder o eixo, mas aquele olhar de paz da Ana, nunca vou esquecer. Nunca vou esquecer aquele momento. Eu olhava pra ela e era como se eu me visse dizendo: tá tudo bem. Sentia uma confiança absurda de que realmente tudo sairia bem e sentia uma tranquilidade incrível. A Ana dizia: deixa ela descer Gabi, só faz força quando tiver vontade. E eu esperava o sinal do meu corpo de que a força estava vindo. Uma força que eu não reconhecia. Não sabia que tinha. Não era uma força só de colocar um filho para fora do meu corpo. Mas uma força criadora. Uma força criativa. Empoderadora. Fortalecedora. No expulsivo, entre uma contração e outra, era como se tivera chegado num lugar em que nunca estivera. Com uma vista incrível. Tudo ficou claro. A vida, seu propósito e sua beleza. Ali, naqueles poucos segundos entre uma contração e outra eu me reencontrava. Quando ela saiu e escorregou para as mãos da Ana, que logo me entregou, às 23:15, eu atingi meu Samadhi. Minha ascenção espiritual. Falei: EU CONSEGUI. Eu realmente consegui. Todos choraram e pedi para que Léo viesse ficar com a gente no box do chuveiro. Foi incrível.

No meu gestar e parir me encontrei em mim. Percorri lugares nunca percorridos, encontrei dores escondidas, fortalezas esquecidas e vivi o presente como nunca houvera vivido. Senti-me entorpecida de amor, de esperança e de paz. Fez-se luz nas minhas vistas, no meu coração e na minha mente e agora sou outro alguém.  

Muito mais plena.

Gratidão ao meu grande amor Léo, às parteiras mais especiais que eu poderia ter arrumado Ana e Nath e à inspiradora doula Elisa.
Sou grata pela sensibilidade, pela voz baixa e afetuosa, pelo cuidado holístico e olhar de quem acredita.

*Minhas parteiras são da Périnatale.


OBS: Esse parto foi um vbac. Períneo íntegro, trabalho de parto com cerca de 3 horas.  
Hora de ouro! Mamando no calor da mamãe na primeira hora de vida!

Foto com a equipe da Perinatale com as enfermeiras obstetras Ana Moulaz e
Nathália Paiva  e a doula Elisa! Comemorando o períneo íntegro!


sexta-feira, 26 de junho de 2015

Se todos os partos forem medicalizados, então qual a função da parteira?

Tradução livre e adaptada de trechos da reportagem postada no The Telegraph em 24 de junho de 2015 por Judith Woods. Acesse o texto completo em inglês aqui.

Nota do Coletivo Maternar: quando falamos parteiras no Brasil, falamos de enfermeiras obstetras e obstetrizes. No exterior midwife é uma formação parecida com a da obstetriz no Brasil.

O obstetra francês Michel Odent acaba de escrever um novo livro intitulado: Nós precisamos de Parteiras?, onde ele afirma que o aumento da medicalização no parto está relacionado à perda da capacidade de parir, em detrimento da humanidade.

Odent fez de seu trabalho de vida testar e empurrar os limites. Nos anos em que coordenou uma unidade de maternidade em Paris e seu subsequente estabelecimento no Centro de Pesquisa em Saúde Primária em Londres ele introduziu ideias inovadoras que agora são tomadas como sábias.

Foi ele quem promoveu a ideia de partos na água e suítes com baixo aparato tecnológico, contato pele a pele após o parto e o incentivo a amamentação na primeira hora após o nascimento.

Dar ao seu novo livro um título provocativo é, começo a suspeitar, uma trama para incitar uma audiência que não está normalmente interessada nas políticas obstétricas. Sua argumentação é que precisamos mais que nunca das parteiras. Em particular, precisamos nos tornarmos "protetores do processo evolutivo", protegendo as mulheres de médicos que tentam intervir em partos, e assegurando que elas tem espaço e paz para parir naturalmente.

"Quando eu pergunto 'precisamos de parteiras?' é uma pergunta real", ele ressalta. "Se todos os partos são medicalizados, então que função uma parteira tem? Que tipo de parteira nós precisamos?"

O cenário ideal, diz Odent, é que a mulher dê a luz em um quarto escuro, quente e calmo, como única companhia uma parteira tricotando. Ele argumenta que é uma cena mais pragmática do que romântica: "Nós só descobrimos em Julho de 2014 que a melatonina, o hormônio do sono, tem um papel importante no parto e que é destruída pela luz, então ter luzes reduzidas é muito importante," ele diz. "Assim como também é o aspecto de tricotar; atividades repetitivas reduzem a adrenalina, que se presente, tem um efeito sutil na parturiente."

A cena que ele descreve é bastante contrária à cena comum de um parto em ambiente claro, cheio de gente e agitado. Pelo pensamento do obstetra, os princípios da medicina moderna - apesar de altruístas - estão minando um processo natural, resultando em muitas cesarianas, que tem resultado no que ele chama de uma "neutralização da seleção natural" indesejável.

"Não sou contra cesarianas, não mesmo. Fiz mais de mil delas; escrevi um artigo no Lancet destacando que muitas mulheres estão sendo largadas durante o trabalho de parto com dor por muitas horas quando uma cesariana de emergência seria preferível."
[...]
"Mas estou enxergando a longo prazo sobre como o aumento da medicalização irá afetar a humanidade e o resultado é que algum dia a maioria da via de parto será por cesariana. Precisamos olhar a frente e compreender as consequências. Eu não dou opiniões, eu afirmo fatos, mas às vezes esses fatos parecem incompatíveis com interesses e são culturalmente inaceitáveis."

Odent é pai de três e avô de três netos e faz perguntas desconfortáveis e filosóficas porém necessárias - sobre o que fazemos como espécie e como isso influencia a nós como indivíduos.

"Nos séculos anteriores as mulheres que eram capazes de parir tinham muitas crianças. Mulheres que não era, morriam no parto. Isso é um fato," ele diz. "Graças aos milagres da medicina moderna e da ciência reprodutiva, a maioria das mulheres que querem ter dois bebês, conseguem tê-los. Similarmente, mulheres que em outras épocas poderiam ter muitos filhos agora param em dois; isso é ótimo para as mulheres mas claro que tem um impacto geral." O impacto não é singular; bebês nascidos por via cirúrgica em um ambiente estéril ao invés de um canal de parto rico em micróbios, não tem a mesma oportunidade de desenvolver resistência às doenças. Bebês nascidos por cesariana tem cinco vezes mais chances de sofrerem alergias.

Mães que tiveram cesarianas ou que foram induzidas por drogas que imitam a ocitocina, o hormônio do amor que induzem sexo, amor, vínculo e a amamentação, não produzem a delas próprias, o que causa um efeito devastador na maneira que elas se vinculam às suas crias e às respostas dos bebês. Odent também acredita que exista uma relação entre o aumento de cesarianas e o aumento das taxas de autismo; pessoas autistas produzem menos do hormônio em questão.

"Meus livros não são para mulheres grávidas," diz Odent. "O tempo delas e muito precioso; elas deveriam estar apreciando a lua, cantando para o bebê e contemplando."
Ele expressa esse sentimento com tanta certeza que serve de lembrete que na França, ser filósofo é um trabalho real.
[...]
"As pessoas não são geneticamente programadas para pensar a longo prazo," diz Odent. "Quando uma mulher fala sobre esse assunto ela foca no próprio corpo, no próprio bebê. Estou falando de evolução humana e as pessoas preferem não olhar tanto pra frente."

Olhando o panorama geral os fatos parecem sustentar o que o obstetra diz - estudos mostram que mulheres que pariram entre 2002 e 2008 demoraram cerca de duas horas e meia a mais durante a primeira etapa do trabalho de parto do que aquelas que pariram entre 1959 e 1966.

Na Inglaterra em 2013-14, 26,2% dos partos eram por cesariana - o dobro da taxa registrada em 1990 - e 25% dos partos foram induzidos por substâncias como a ocitocina sintética.

A ocitocina natural, acredita Odent, permite que a mãe o bebê criem um vínculo muito forte nos dias seguintes ao parto.

Como há evidências de que esse primeiro vínculo permanece por todos os futuros relacionamentos, há um argumento que a humanidade altere isso criando um risco próprio.

Ao nosso redor, ele diz, temos evidências de que como sociedade estamos em perigo de perder o que ele chama de "a capacidade de amar". Pelo processo de evolução nossos sistemas de ocitocina começarão a falhar? E se sim, então o que faremos?

Se estamos cientes disso ou não, precisamos de pessoas que pensem e continuem fazendo perguntar desconfortáveis para o nosso próprio bem. O futuro da humanidade, não só das parteiras, poderiam literalmente estar nessas respostas.





quinta-feira, 18 de junho de 2015

Quinta da comida: cuscuz à paulista (vegan)

Receita vapt vupt!


Ingredientes:
2 xícaras de milharina
Cebola
Alho
Milho
Ervilha
Cenoura
(use a imaginação para combinar)
1 colher de sopa de óleo de girassol
Sal

Modo de fazer: Deixe a milharina de molho como pede na embalagem. Refogue a cebola e o alho, os legumes (se tiver algum duro, como a cenoura, ou você cozinha previamente ou coloca ralada), o sal e deixe apurar um pouco o sabor. Acrescente a milharina hidratada e misture bem no fogo baixo. Acrescente uma colher de sopa de óleo de girassol (ou outro que prefira). Misture bem. Unte uma fôrma, despeje a mistura ainda quente e pressione contra a fôrma. Espere esfriar e desenforme. Sirva!
(Sim não precisa ir ao forno!!!!!!!)

Excelente opção pro lanche da tarde! Não precisa ter nenhum animal para ficar saboroso!
Se quiser acrescentar o shoyu no refogado também fica uma delícia!


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Quinta da comida: charuto de couve com recheio de shitake

A combinação do almoço foi: arroz integral + farofa de banana +  feijão carioca + charuto de couve com recheio de shitake

Ingredientes:
Shitake
Couve
Água
Temperos

Modo de fazer: faça primeiro o recheio. O truque do shitake é comprar quele desidratado, hidratar com água quente e limão. Depois que hidratar, deixa um tempinho no shoyu. Depois você corta em cubinhos. Então refoga a quantidade de cebola e alho que achar legal, e acrescenta o que você quiser. Aqui usei: milho, tomate, cheiro verde e cebolinha. Além disso achei interessante colocar um resto da massa que sobra no coador do leite de castanha de caju que faço sempre e guardo para fortalecer algumas receitas. Ficou tipo um creme, delicioso. Deixa o tempero pegar bem e também não fica tão legal ficar muito molhado. Reserve o recheio pronto, esquente água em uma panela e coloque a couve por pouco tempo, só dá um mergulho, conta até 3 e tira. Recheia e enrola ela (com talo e tudo, mas pode tirar se quiser).

Voilá!


quarta-feira, 10 de junho de 2015

Tudo de novo! Fraldas de pano crescendo com a família...

E cá estou eu, novamente encantada e louca pelas fraldas de pano. Nesses quase três anos que se passaram, aprendi algumas coisas interessantes que compartilharei com vocês hoje. Não vou trazer informações básicas, porque elas estão nesse post aqui.
Enfim, Cecília vem aí e devo dizer que aproveitaria todas as fraldas que guardei do Cauã. Tirando uma, de algodão, que ele usou muito e que está bastante desgastada. Mas o que pude observar, já de antemão, é que as fraldas em soft, minky, pul e suede, estão como novas. Mas não vou adquirir fraldas novas em soft porque achei que abafavam muito e às vezes davam alergia. Sugiro que o interior seja de tecidos mais leves como o dryfit, minky ou suedine.
O custo benefício realmente tem sido incrível: separei as que mais gostava e simplesmente troquei/vendi as outras. Os recheios mantive todos os que já tinha, tirando as fraldas tipo cremer, que comprei novas para ela, além de adquirir algumas coisas que serão úteis e que eu não sabia.

Na minha opinião, eu não gastaria com absorventes para o dia. Eu sei costurar e acabou achei mais prático comprar o atoalhado de qualidade (que custa cerca de R$20/metro) e costurar duas faces dele uma junto à outra, na medida que achei ideal (44x30), que foi do absorvente da Fralda Madrinha. Cortei vários, juntei e costurei com o acabamento. Esse tamanho eu achei ótimo porque dá pra dobrar em três ou até quatro camadas, e fica bem reforçado. Para a noite eu realmente não consegui achar uma combinação que segurasse a noite toda, e acabei optando por usar a descartável de noite já que ele dormia a noite toda e eu também desejava dormir. 

Outra coisa que resolvi fazer, foram meus próprios paninhos de limpeza. Ao invés de costurar dois do atoalhado, simplesmente cortei na medida dos paninho normais descartáveis e pedi para fazer a bainha na overlock. Depois é só juntar tudo com as outras fraldas e lavar. Não precisa passar. Esses do lado dos que eu fiz são da Chiquita Bakana e de um lado são de soft e do outro de algodão. Não gostei muito deles para limpar bumbum, prefiro o atoalhado mesmo.

Ainda falando sobre os absorventes, além do atoalhado, essa combinação da cremer com o recheio de microfibra dentro foram a combinação mais mão na roda que eu pude fazer. Além de segurar legal o xixi por umas 4h, secavam super rápido e não impermeabilizavam com a facilidade que os outros absorventes impermeabilizam (excesso de sabão ou uso de amaciante acabam com a absorção das fraldas). Na caixinha da fralda de pano vem a explicação diferenciando a dobradura para meninos e meninas. Sugiro que observem somente a qualidade do tecido, pois alguns podem durar bem menos e aí custo benefício pro bolso e pro planeta devem ser levados em consideração. As de maior qualidade geralmente são um pouco mais caras, mas tem uma vida útil maior.
Ah! Quando falo em microfibra, não necessariamente são os absorventes prontos que acompanham algumas fraldas não. Bom, não só eles. Mas sabe aqueles panos de limpeza em microfibra? Pois é, esses eram o que eu mais usava, junto com a cremer. Como a microfibra não pode ir em contato com a pele, eu ou fazia a dobradura abaixo, ou simplesmente enrolava a cremer em volta da microfibra formando um retângulo. O poder de absorção é muito bom.
Com Cauã eu tive muita dificuldade em usar as fraldas de pano no primeiro mês porque ele tinha as pernas finas e eu não tinha comprado nenhuma fralda especialmente para recém-nascidos. Como pretendo usar com a Cecília, dei uma pesquisada e comprei esses contours (ou contornos) da Fio da Terra, porque achei que os elásticos devem segurar bem, e eles podem ser usados mesmo depois, porque você dobra e prende com o snappi do tamanho que quiser. Eu já tinha comprado um da Ninho Coruja, mas eles não tem elástico, apesar de terem excelente absorção, eu achei que para recém-nascido (com possibilidade de pernas finas) não deve segurar. Mas ainda vou testar quando ela nascer. Com Cauã eu usava esse contorno da Ninho Coruja com um absorvente a mais de microfibra pra de noite. Só achava que ficava muito volume...


Outra coisa legal que eu só fui descobrir a praticidade depois, foi o uso do liner biodegradável. Quando o cocô do Cauã começou a ficar de gente grande, achei mais fácil colocar o liner por cima do recheio e jogar tudo no vaso depois. 
Entre os modelos também, eu achei as pockets pouco práticas, porque eu tinha que trocar tudo, quando poderia só trocar o recheio. Então agora prefiro capas.

Para saídas eu acho ótimo usar a fronha de soft da Fralda Madrinha com absorvente por dentro, porque dá a sensação de seco e também porque é mais fácil de levar na bolsa. Eu realmente não tenho muita disposição em usar fraldas de pano em saídas, porque gosto de carregar pouca coisa, e as fraldas de pano fazem certo volume na bolsa.

Além das marcas que eu citei, já me indicaram outras com uma propaganda muito positiva como a Nós e o Davi. Eu particularmente prefiro comprar produtos de mães artesãs, para incentivar o empreendedorismo materno e o trabalho artesanal. A Coolababy e outras chinesinhas são mais baratas, mas acho que vale separar uma parte do enxoval só pras artesanais. Comprar de quem faz é sempre uma boa opção!

No próximo post vou dar dicas de lavagem!
Qualquer dúvida, estou a disposição para ajudar! 
Beijocas


segunda-feira, 8 de junho de 2015

Quinta da comida: batata assada com alecrim


Essa receita é facílima e ótima pra incluir as crianças na preparação!
Muito simples de fazer: coloque em uma fôrma papel alumínio, batatas cortadas em tamanhos pequenos (aquela batata pequena cortada em quatro é o ideal), regue o azeite, salpique sal, alecrim (se tiver fresco infinitamente melhor) e depois coloque outro papel alumínio por cima ou feche o tamanho que você cortou em uma trouxinha. Leve ao forno a 205ºC por cerca de 20 minutos. Faça o teste do garfo para ver se as batatas já estão cozidas. Se estiverem, deixe por mais 10 minutos com o papel alumínio aberto para dar uma desidratada e pronto!
Aqui ele serve de acompanhamento pro almoço e se sobrar alguma coisa ainda vai pro lanche da escola! :)

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Quinta da Comida: almoço com panqueca (vegan!)

Hoje tem receita de almoço sem nada de origem animal e super nutritivo!
Arroz + Feijão + Macaxeira cozida + Panqueca recheada com legumes

Desta combinação, a receita vai ser a da panqueca:

Ingredientes da massa:
1 xícara de farinha de trigo integral
1 xícara de farinha de trigo branca
1/3 xícara de aveia (farinha é melhor, mas pode ser em flocos finos)
2/3 xícara de óleo de girassol
2 xícaras + 1/2 xícara de água
Sal a gosto
Um tiquinho de fermento
Um fio de vinagre branco

Modo de fazer a massa:
Misture tudo, deixando sempre por último o fermento+vinagre. A consistência deve ser meio líquida. Você pode fazer uma versão verde dessa panqueca, batendo no liquidificador a parte líquida com espinafre ou couve e misturando aos secos. Esquente uma frigideira antiaderente, pingue um pouco de óleo e coloque uma concha cheia por vez, espalhando a massa mexendo a frigideira. Depois que estiver sequinha por baixo, vire com uma espátula para assar do outro lado. Retire e recheie.
Essa receita deu cerca de 10 panquecas aqui em casa, de um tamanho menor que um prato de sobremesa.

Recheio (sugestão): o recheio cada um inventa o seu, mas esse aí que eu fiz foi:
Milho
Ervilha
Cebola
Shoyu
Abobrinha picada pequenininha
Tomate picado
Espinafre picado
Massa restante do leite de castanha de caju (sempre uso o que sobra no coador do leite de castanha para enriquecer nutricionalmente as receitas que faço. Nesse caso, ela deixou o recheio bem molhadinho, ficou uma delícia)

Como fazer o recheio: refogue a cebola com azeite, acrescente a abobrinha e o tomate, espere soltar um pouco de água. Acrescente o espinafre e espere murchar um pouco. Coloque o shoyu, a massa do leite da castanha de caju e o milho e a ervilha. Apure o sal. Recheie as panquecas!

Simples e delicioso!



domingo, 24 de maio de 2015

Questão de gênero

Eu já achava que estava grávida de uma menina. Não sabia muito bem a razão, mas a minha intuição dizia. Enfim, quando realmente confirmamos que era uma menina, nossa Cecília, todo um mundo de laços, fitas e flores veio na minha mente. Mas logo achamos esquisita a nossa reação diante da notícia. Afinal, não sabíamos se ela se consideraria mulher. Porque pela concepção de gênero que temos e que defendemos, este não é baseado em órgão sexual, ou seja, o gênero vai se configurando a partir de uma série de comportamentos aprendidos, modos de pensar, se portar, se vestir, de desejar que culturalmente são postos, ou impostos. Desta maneira, ter pênis ou vagina, para nós, não configura fato determinante dos modos como essas coisas vão ser aprendidas e internalizadas nas performances de vida de nossxs pequenxs. E ali tínhamos visto uma vagina e já concebido que teríamos uma menina! Isso criou um nó danado na gente.

Temos um menino, com o qual não levantamos todas essas questões. Olha que coisa doida! Machismo em nossas entranhas. Confesso que quando soube que era menina fiquei imensamente feliz, pensei o tanto de coisas que poderíamos fazer juntas, como por exemplo, fazer as unhas, coisa que eu sempre adorei fazer com a minha mãe e que há anos não sei muito bem o que é. Começamos a ganhar milhões de coisas rosa. E eu não gosto de rosa. Nunca gostei... acho uma cor tão sem graça, principalmente pra roupa. E em todos os lugares que eu ia me perguntavam se era menino ou menina, e aí eu se eu queria levar o pijama de dinossauro “ah, mas pra menina é esse aqui”.... Essa concepção social do que é ser menina e menino é tão limitante.  

Enfim, decidimos relaxar, maneirar nas frufruzices (até porque né, minimalismo tá aí pra isso), aceitar algumas concepções intrínsecas construídas socialmente do gestar uma menina. Afinal, se ela não se sentir confortável estando dentro de um gênero já estabelecido desde meu ventre, será acolhida da mesma maneira e vamos descobrir uma maneira nossa de viver isso.

E a gente fica aqui na torcida para que ela, como a gente, continue lutando pela igualdade entre os gêneros, pelo respeito coletivo e pela emancipação feminina. Que sofra menos violências cotidianas do que as ancestrais dela sofreram.


Que seja uma semeadora de luz e que respeite as pessoas independentemente do que elas têm entre as pernas.


obs.: meu companheiro deu uma entrevista recentemente para a CBN sobre machismo na educação dos filhos. Quem quiser pode conferir a entrevista a partir dos 37 minutos neste link.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Quinta da comida: lanchinho básico

Na Quinta da Comida você vai encontrar receitas aqui no blog!
A de hoje foi feita para uma visita das crianças da sala do Cauã na nossa casa.
Servimos:
Pão sírio integral, torradinha integral, bolo de banana sem lactose, chips de batata doce, guacamole, hommus (pasta de grão de bico)
+
Suco de beterraba, limão e laranja.

Receitas: guacamole, chips de batata doce e hommus.

Guacamole:
1 abacate maduro
1 tomate
1 dente de alho
Azeite em uma boa quantidade
Sal
1 limão
Modo de fazer: taca tudo no liquidificador ou multiprocessador. A ideia é a pasta ficar cremosa, se ao bater ainda ficar muito consistente, acrescente um pouco de água. Prove para testar o sal.

Chips de batata doce:
Fatie a batata doce em fatias finas. Coloque em uma assadeira untada com azeite, salpique o sal e leve ao forno a 205ºC até que fiquem crocantes. Retire e sirva.

Hommus:
Grão de bico (idealmente que tenha ficado de molho 12h antes de ser cozido)
1 limão
Sal
1 fio de shoyu
Azeite
Água
Modo de fazer: taca tudo no liquidificador ou multiprocessador. Se ficar muito consistente ainda, coloque mais água. Eu adoro a ideia do shoyu, acho que dá um tchan pra receita.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Passo a passo de como pagar seu parto humanizado

Dando sequência ao post anterior sobre valores (materiais e não materiais) da equipe de parto humanizado, segue agora um passo a passo (o famoso PAP) - pra quem é artesão isso faz todo sentido - de como levantar aquela grana para o parto humanizado.

Antes de tudo, os valores de um parto humanizado, domiciliar ou hospitalar variam muito de cidade pra cidade. Outra coisa é que as equipes humanizadas oferecem diferentes tipos de serviços, que podem ou não estar incluídos no seu contrato, como por exemplo, consulta de pré-natal, assistência pré-hospitalar, entre outras coisas. Além disso, os valores mudam de acordo com a formação da equipe: geralmente quando tem obstetra na equipe fica um pouco mais alto, tem as enfermeiras obstetras que trabalham com outras enfermeiras obstetras e tem as que trabalham com médicos também. A presença de pediatra ou não, o local do parto (porque parto humanizado pode acontecer em qualquer lugar), compra de material ou não (em caso de parto domiciliar algumas equipes pedem para comprar alguns itens, mas isso varia), são coisas que influenciam no preço da equipe contratada.

O meu contrato inclui o parto humanizado com duas enfermeiras obstetras, com consultas de pré-natal, já incluso o material da assistência domiciliar. Tudo ficou quase oito mil reais. E elas fornecem nota fiscal (o que permite ressarcimento do plano de saúde, que não oferece o serviço) além de abater do imposto de renda. 

Eu juro pra você que não tinha absolutamente nada de reserva quando contratei minha equipeEntão vamos lá. Qual é o passo a passo para conseguir?

Primeiro: Acredite.
É o seguinte. Não adianta de nada querer um parto humanizado e ficar de mimimi. Se você ainda está presa nesse papel, saia agora do papel de vítima do mundo e comece a acreditar que você vai ter um parto humanizado. Acredite de verdade. Você pode ter uma pontinha de dúvida, mas você tem que acreditar mais do que duvidar de que vai conseguir as condições para que ele aconteça.

Segundo: Mande a mensagem para o universo.
Você pode até achar que eu sou hippie, bicho-grilo, maconheira ou qualquer estereótipo que poderia colocar meu discurso em caráter duvidoso. Mas a física quântica tá aí pra provar: tudo é energia. Então, assuma sua responsabilidade em ser um ser criador e comece a vibrar a mensagem positiva de que você vai conseguir de fato, e comece a pensar isso todos os dias. Tipo um mantra. Você vai começar a atrair pessoas e situações para viabilizar o seu projeto. Acredite em mim, é algo quase inacreditável!

Terceiro: Planejamento é a ordem.
Agora que você está com uma atitude positiva e ativa, é hora de ver como você pode levantar essa grana. Se esse bebê tivesse sido planejado (como o primeiro foi) a gente teria feito uma poupança pro parto. Mas como aconteceu em meio a um momento de caos e de instabilidade financeira, tive que contar com uma boa dose de fé e de criatividade pra montar esse quebra-cabeça. Fiz mais ou menos assim:

Primeira etapa: O que eu sei fazer que eu poderia capitalizar? Fazendo um brainstorm.
Coloquei várias respostas com ideias diferentes em cada post it e espalhei pelo chão. Várias. Até ideias absurdas apareceram e foram escritas. Essa não é a hora de selecionar, é a hora de escrever. É uma logorréia escrita de possibilidades.

Segunda etapa: O que é realmente viável?
Peguei um papel em branco e fui escrevendo o que poderia fazer. Várias atividades, projetos, etc.

Terceira etapa: Organizei mais ou menos o que poderia fazer o mais breve possível e quem poderia articular para me ajudar na empreitada (parceiras). Criei um grupo no face que se chama “Quero ajudar a Gabi a ter um parto humanizado” que tem muitos amigos queridos e onde eu divulgo os eventos e recebo apoio através do compartilhamento do que tenho feito pra conseguir essa grana.

Apesar de fazer um planejamento, sempre aparece alguma ideia nova ou alguma coisa que não deu certo, e o planejamento vai sendo reconstruído continuamente. O meu planejamento foi/está sendo esse:

Coloquei as coisas que sabia fazer e selecionei algumas ideias que tive que poderiam ter um retorno financeiro. As coisas que já fiz e que tiveram o dinheiro totalmente revertido para o parto foram:
- Oficina de bolos veganos: coloquei um limite de pessoas e estabeleci um preço de R$80 por pessoa o que totalizou R$400.
- Participação em três feiras com comidas veganas e peças doadas para o bazar: consegui cerca de R$300 em cada. Acho que eu poderia ter conseguido mais, se tivesse mais o know how do público das feiras e tal. Uma das coisas mais interessantes foi que em uma das feiras coloquei um cartaz “Compre um lanche e ajude a pagar meu parto humanizado” e muitas mulheres que tiveram partos humanizados ou famílias que são apoiadoras da causa doaram dinheiro mesmo sem comprar nada, simplesmente para me ajudar. Foi muito gostoso me nutrir de tanto carinho e ter tanta conversa bonita! Mas decidi não mais participar de feiras por ser profundamente cansativo o dia anterior de preparação e o dia da exposição.
- Oficina de comidas veganas – edição salgada: essa oficina foi muito procurada. Fiz uma edição e farei a próxima dia 24/maio, as inscrições ainda estão abertas. São 5 vagas com o valor de R$100 por pessoa o que totalizou R$500 por oficina.
- Encomendas de bolos: peguei algumas encomendas de bolos e enquanto estiver dando conta, tô pegando encomenda.
- Poupanças cotidianas: a gente reservou o que economizávamos no dia a dia também para o parto. Uma ideia legal é deixar uma caixinha ou latinha pra ir colocando dinheiro. Mas não vale moedinha. Tem que ser nota. Na minha só colocava acima de 10 reais.
- Doações: recebi doações de amigas e da minha mãe querida.

Em abril tínhamos que dar 20% do valor total, mas conseguimos juntar mais e dar R$3000,00. E ainda pagar a doula, que estava por fora desse contrato. Isso mesmo. Sem o apoio dos amigos e da nossa equipe (Périnatale) isso seria impossível. Somos pura gratidão!

Ainda faltam quase 5000. Já tenho algum dinheiro guardado, mas pretendo levantar pelo menos uns 2000 antes da Cecília nascer. O resto que faltar talvez pegue um financiamento ou até mesmo divida no cartão (minha equipe facilita pacas). Para isso estou fazendo alguns eventos e iniciativas. Você pode me ajudar participando, compartilhando, divulgando, rezando ou me dando ideias para novas iniciativas! Tem uma aba aqui no blog que chama “Ajude meu parto” com o que está rolando pra juntar essa grana antes de Cecília nascer. Olha só:

- Oficina de comidas veganas (edição salgada): inscrições abertas, vagas limitadas

- Rifa em prol do parto humanizado: Cada rifa custa R$10. Para participar basta escolher o número disponível (aqui), efetuar a transferência para a conta do Banco do Brasil Agência 1507-5 Conta Corrente 42.780-2 e me avisar pelo facebook ou pelo e-mail gabriellacotta@gmail.com para que eu reserve o número. O sorteio será dia 10/junho. Para conferir as regras, acesse o link do evento ou me mande um e-mail que eu te envio de volta. Os prêmios são:
·         1º prêmio:  
·         2º prêmio: Livro de receitas veganas: bolos, doces e salgados
·         3º prêmio: Bastidor com bordado a mensagem Gradidão
- Bazar online: confira as fotos no álbum do facebook, tem muita coisa boa e barata

- Oficina: como criar ambientes que promovam a autonomia da criança. 14/junho (domingo) às 15h (local a ser definido). Investimento: R$50,00. Vagas limitadas. Inscrição pelo e-mail gabriellacotta@gmail.com  


- Livro de receitas veganas: Livro com receitas de bolos, doces, e comidas salgadas livres de produtos de origem animal. Frete a combinar. Você pode adquirir mandando um e-mail para gabriellacotta@gmail.com e aguardando as instruções para o envio do livro. Cada um custa R$30,00. (50 unidades disponíveis).

- Além disso, um casal amigo e artesãos me deram uma percentagem do que eu vender deles, então tenho vendido alguns wrap slings (que são maravilhosos) e outras coisas lindas que eles fazem para ajudar no parto também! Conheça um pouco mais do trabalho deles na página do face: Ammi: de mãe para mãe

Ufa! Tem dado um trabalhão organizar isso tudo, mas sei que vale a pena. Confio na equipe que contratei e estou investindo em algo que acredito profundamente. Será que você se interessa em alguma das possibilidades para me ajudar? Se sim, vá em frente! Agradecemos de coração! Se não, tudo bem, se rolar ajude a divulgar? Agradecemos mesmo assim!

Beijos cheios de gratidão, luz e de inspiração!

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Quanto vale o nosso parto


Algumas pessoas tem dificuldade para compreender porque tenho me dedicado tanto para pagar uma equipe humanizada para o meu parto se tenho plano de saúde privado e o SUS. A seguir você encontra os principais motivos que me levaram a empreender toda minha energia para conseguir pagar minha equipe e espero que esse texto fique de motivação para quem acha que não pode ter um parto humanizado porque não tem dinheiro.

O contexto
Nós estávamos desempregados, em meio à concretização de um planejamento de seis meses de mudança de cidade, no qual sabíamos que teríamos privações materiais. Diferentemente da primeira gravidez, a qual foi bastante planejada e esperada por sete meses, essa gravidez aconteceu por um descuido. Então, nossas reservas já tinham sido planejadas para serem utilizadas para nossa mudança. Um parto não caberia no que tínhamos planejado... Como tínhamos tido uma experiência ruim no primeiro nascimento, correr o risco de passar por tudo de novo era inaceitável. A gente estava com os dois pés fora da matrix. Parir no convênio não era uma opção. No SUS uma possibilidade.

A realidade da assistência privada
Ter um plano de saúde e querer parir não são coisas que podem ser somadas no Brasil. Na verdade, a rede privada tem umíndice de cesarianas de 83%, chegando a muito perto de 98% em algumasmaternidades. Funciona mais ou menos assim:
            Opção 1: ou você encontra um obstetra que de cara vai marcar sua cesárea, a conhecida cesárea eletiva. Talvez até digam que parto normal não existe mais, que as mulheres não precisam passar mais por isso (oh god).  São os obstetras cesaristas. Falam na cara que não acompanham parto normal (humanizado então, nem se fala).
            Opção 2.2: ou você encontra um obstetra fofinho. Aquele que vai te dizer que acompanha parto normal SE tudo der certo. Mas ao longo do pré-natal (aquele que você vai esperar 3 horas pra uma consulta de 10 minutos) ele vai conseguir minar sua coragem ou até mesmo encontrar mil motivos médicos (que não são baseados em evidências científicas, como circular de cordão, bebê pélvico, não ter passagem entre outros mitos) pra marcar a cesariana ou mesmo fazer o procedimento assim que você der o primeiro sinal de trabalho de parto.
            Opção 2.2: pode ser que você chegue parindo, com o bebê coroando. Esse obstetra “fofinho” não sabe acompanhar um parto fisiológico e muito provavelmente vai correr pra fazer uma episiotomia ou colocar um sorinho ou qualquer intervenção de rotina desnecessária sem nem perguntar a você nada.
            Opção 3: ou o médico do plantão. É importante dizer que chegar em trabalho de parto é visto de maneira muito esquisita pela maioria dos plantonistas. Obviamente eles querem logo passar o caso pro obstetra que acompanha o caso. Ou “acabar logo com tudo isso” pra não passar o plantão com trabalho pro outro plantonista. A gestante parece uma espécie de batata quente e o parto um evento que precisa ser terminado logo e aí... dá-lhe intervenções. Prestar uma assistência padrão ouro, discutindo condutas e respeitando autonomia e protagonismo feminino é bastante difícil pela rotina que o hospital segue e pela própria formação dos profissionais da assistência que lá estão.

Pode até ser que você conheça alguém que chegou parindo e que conseguiu um parto natural no hospital do convênio. Essa mulher é bastante sortuda, ou seja, correu um risco significativo de ter uma experiência de parto negativa.

Mas além de se preocupar com o parto em si, é importante também saber das intervenções no recém-nascido, que, na assistência hospitalar de rotina ainda são bastante invasivas.
Enfim, todas essas opções me parecem bastante ruins. E hoje, compreendendo o funcionamento dessa indústria milionária, eu não me submeteria nem ao pré-natal e nem à assistência ao parto com um médico do convênio. Simplesmente não compactuo com esse modelo. Apesar de ter plano de saúde privado, tenho utilizado apenas para fazer exames solicitados pela minha equipe. E me privado de muitos incômodos como esperar horas para ser atendida para uma consulta ridiculamente curta, sem olho no olho. Esse sistema faliu e eu não compactuo com ele. Ele é violento pra todo mundo. Enquanto nós mulheres não criarmos novas demandas, enquanto os profissionais não se organizarem para melhores condições de trabalho, enquanto a questão for tão mercadológica e egóica, acredito que a mudança vá ser bem morosa.
Pré-natal humanizado, com participação da família e atenção integral gestante

A realidade da assistência pública

Eu sou apaixonada pelo projeto do SUS. E até tentei fazer o pré-natal por ele quando cheguei a Brasília. Mas o caos estava instalado, profissionais em greve e muitos outros problemas decorrentes de uma má gestão. Na primeira gestação eu fiz pelo SUS em Parnamirim (RN) e gostei bastante. As enfermeiras eram super atenciosas, apesar das palestras serem bem ruins e tratarem as gestantes de maneira infantilizada, o que também constatei aqui em Brasília. Como a qualidade do pré-natal no posto de saúde estava bem ruim, resolvi incluir no pacote da minha equipe.

Apesar de ter um índice menor de cesarianas, cerca de 40%, o parto com intervenções ainda é a realidade da assistência ao parto no SUS. Isso significa que mesmo não caindo numa cesariana mal indicada (de acordo com as evidências científicas), eu entraria na escala de produção do parto normal que consiste num pacote de intervenções que comprovadamente tem um impacto negativo no desenvolvimento do parto fisiológico e que são inclusive contra p que preconiza a Organização Mundial da Saúde tais como: uso de ocitocina de rotina, episiotomia (ainda mais sem o consentimento da gestante), limitação da escolha da posição para parir (a imensa maioria dos obstetras dos hospitais públicos colocam a mulher naquela velha posição de litotomia com a barriga pra cima, pernas naqueles apoios (muitas vezes amarradas), entre outras condutas de terrorismo psicológico e outras cositas más que são conhecidas também como violência obstétrica.

Saindo do modelo de assistência hospitalar, eu teria a opção de uma casa de parto, se não fosse minha cesárea anterior. No protocolo de assistência na Casa de Parto de São Sebastião (DF), não são acompanhados partos vaginais de mulheres com cesariana prévia. Apesar de já existirem estudos recentes mostrando que o índice de ruptura uterina não é significativamente maior em partos vaginais após cesarianas. Enfim, na Casa de Parto tenho certeza que conseguiria uma assistência humanizada e minha autonomia respeitada. Mas já não era uma opção... então me restou o hospital de referência. Que eu teria que parir com quem tivesse de plantão. Só que a dinâmica de um hospital é muito diferente do de uma casa de parto. É um risco muito grande que eu decidi não assumir como plano A. Mas definitivamente é meu plano B. No SUS, com as portarias do Ministério da Saúde e outros fatores (como o funcionamento real de uma ouvidoria) eu me sinto bem mais acolhida e com uma possibilidade maior de conseguir um parto sem intervenção principalmente se mostrar que conheço meus direitos. Infelizmente, essa é uma realidade que já escutei e presenciei inúmeras vezes: acompanhantes e mulheres informados dos seus direitos, que chegam com plano de parto e doula são tratados com um cuidado maior, infelizmente pelos motivos errados medodeserprocessado. Fico mais tranquila até em relação aos procedimentos com o bebê, já que as novas portarias regulamentadoras vão de acordo com o que a humanização do parto preconiza: pele a pele imediatamente, amamentação na primeira hora, alojamento conjunto, clampeamento tardio do cordão umbilical. Na minha experiência percebo um maior respeito a isso quando o profissional percebe que a mulher é informada e discute a conduta.

O panorama do Brasil: a violência obstétrica

Desde que ressignifiquei a experiência negativa com o primeiro nascimento, me tornei uma ativista mais forte e mais compreendida acerca do contexto em que fui violentada e que 25% das mulheres brasileiras relatam ser.

Um quarto das mulheres brasileiras relatam terem sofrido algum tipo de violência durante seus partos. E tenho certeza que esse número é muito maior, porque muitas mulheres não compreendem que foram violentadas, já acostumadas a um modelo de assistência tão violento e a serem tão submissas. A imensa maioria delas apenas guarda um sentimento negativo em relação ao parto. Sentimentos que geralmente são passados para as próximas gerações ao dizer que hoje em dia a mulher não precisa sofrer, que parto dói muito entre outras coisas que estão em nossa memória coletiva de uma maneira muito forte e que não fortalece as mulheres, apenas perpetua um modelo de submissão e de sofrimento em relação ao parto e ao nascimento.

Já aconteceram inúmeras vezes: eu começar a falar sobre violência obstétrica e alguma mulher começar a chorar por se reconhecer nos sentimentos ou relatos que escuta. Inúmeras vezes. Ou por falar em episiotomia e mutilação feminina e muitas começarem a perceber que se sentiram assim e pensarem que era assim mesmo, que a dor pra sentar, pra ter relação sexual era algo normal. E em todas ficarem absolutamente maravilhadas como um parto pode ser bonito, ainda que dolorido. Em como a dor das contrações pode ser ressignificada. Em como é possível até mesmo ter orgasmos durante o parto. A maravilha é perceber outra possibilidade, muito mais bela e simples, bem ali.

Onde eu puder minimizar os riscos de passar por violência obstétrica novamente, eu o farei. Lutando contra um sistema posto, contra achismos de todos ao redor, por um parto digno e respeitoso.

O valor de um parto

Para mim não importa quanto fosse. Conversei com algumas equipes humanizadas, com doulas e fiz minha escolha. Muito mais baseada em empatia do que em valores. Expliquei explicitamente para todas envolvidas a situação da gravidez, a dificuldade financeira de não ter uma reserva que pudesse ser usada para isso naquela hora, mas deixei bem claro que faria tudo que estivesse ao meu alcance para conseguir. E a equipe foi super parceira em facilitar o máximo possível as condições de pagamento.

E tenho feito.

Economizamos bastante, deixamos de fazer muitas coisas, buscamos alternativas mais baratas, vibrei abundância em todas as minhas meditações, percebi o que poderia oferecer para trocar com as pessoas por dinheiro para ajudar a pagar minha equipe. Nesse processo está sendo fundamental o apoio das amigas e da família e da virtualidade. Tem sido uma construção coletiva muito bonita e sou pura gratidão a todas as pessoas que tem nos ajudado. No próximo post vou detalhar exatamente o plano que tracei para conseguir o dinheiro pro meu parto, do zero.

O valor de um parto pra mim não é um valor plástico, material. É um investimento: pra mim, pra minha família e pro mundo. Acredito de verdade que podemos mudar uma sociedade deixando imprints de amor e de acolhimento em quem chega ao invés de frio e solidão. Força de vontade, fé de que vai dar certo e movimento para fazer as coisas acontecerem são coisas muito importantes para viabilizar algo assim.Contar com amigos e família também é essencial. Ter conseguido quase a metade do valor total até agora já me mostra mais uma vez que juntos somos bem mais fortes! E que nada é impossível, por mais que pareça difícil.