quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Recomeçando...

Então galera,
ontem tive aula de novo e percebi que meu desafio 30 ideias em 30 dias está errado.
Na verdade era pra ser bem mais intenso, pra tirar mesmo a gente da zona de conforto.
Então eu vou dar continuidade, mas agora com regras claras pro desafio:
- Tenho que escrever o post em no máximo 2 horas
- A temática deve ser relacionada à gestação, parto, purpério, amamentação, desmame, maternidade ativa, alimentação saudável e fitoterapia.
- Faltam 21 posts.

Vou tentar cumprir seguidamente.
Tá sendo foda criar uma rotina pra criar todo dia.

Mas vou lembrar de algo muito importante da aula de ontem:

AÇÃO COMBATE A RESISTÊNCIA.

Agir, agir e agir.


terça-feira, 28 de outubro de 2014

Uma festa de criança para todos

Datas comemorativas podem ser eventos pra lá de entediantes. Nós sempre ficamos desconfortáveis em eventos com cenários, muita gente e pouca intimidade. Nosso casamento mesmo, nós que fizemos praticamente tudo. Contratamos apenas o buffet. No primeiro ano de Cauã também fizemos um aniversário bem intimista e foi super legal. Mas esse ano nós nos superamos. Limitamos bem o número de pessoas e fizemos um planejamento bem simples. Foi de longe, uma das festas mais prazerosas que já estive presente. Pude curtir os amigos e as crianças e todos se divertiram. Pude novamente perceber que menos não é mais, menos é melhor. Bem melhor.

Na capa de uma revista essa semana estava destacado: O lucrativo comércio das festas infantis. Eu fui ler a reportagem e qual foi minha surpresa em constatar que a reportagem não propunha uma reflexão crítica acerca do circo montado ao redor da criança, os valores materialistas que a criança vai construir em relação a vida... ao invés disso a reportagem falava apenas de como é lucrativo, de números de lucro, de crescimento de mercado. Um desperdício de matéria.

Mas se você também se preocupa em criar seres socialmente mais comprometidos e mais reflexivos acerca dos valores materialista da nossa sociedade de consumo, elenquei algumas dicas que tem feito muita diferença na nossa vida e na do nosso pequeno nesses dois anos quando se trata de aniversário:

Limite o número de pessoas - faça uma lista
Antes eu ficava um pouco receosa quando tinha muita gente de grupos diferentes nos aniversários. Eu acabava não conseguindo curtir ninguém direito. As conversas ficavam pela metade e eu tinha que me desdobrar em mil. Se o número de pessoas é grande, acaba que todo o resto aumenta muito também, e talvez a qualidade das relações durante a festa diminua. Nós fizemos uma lista e vimos que tinha grupos diferentes, adultos sem filho... Então tivemos a dura tarefa de selecionar apenas os amigos mais próximos, de um grupo particularmente próximo a nós e a nossa família. Nesse grupo tinha pessoas sem filhos, mas elas eram a minoria. As crianças que foram eram crianças que Cauã tinha mais contato e que possivelmente considera como amigos. Com família e amigos próximos chegamos a um número de 30 pessoas, incluindo as crianças.

Estabeleça quanto você pode gastar
Nós estabelecemos o gasto máximo de R$300. Independente do número de pessoas, só poderíamos gastar isso. Inclusive era uma possibilidade fazer com que cada um trouxesse um prato, para ajudar no compartilhar de lanche, mas acabamos gastando pouco nas lembrancinhas e decoração e sobrou o suficiente para a comida e bebida. Os avós ajudaram também, dando sucos e pagando a cama elástica, que foi R$120. Essa parte é muito importante. 

Estabeleça um tema e pense sobre a decoração - faça uma lista
Quando a gente chega na loja de festas, dá vontade de sair comprando tudo de lindo que tem, mas com um orçamento pré-definido e uma decoração mais ou menos pensada com um tema estabelecido, fica mais fácil manter os pés no chão. Eu sabia onde ia ser e mais ou menos o que queria. O tema foi animais. Eu fiz um croqui bem amador mesmo de como seria essa decoração, pedi pra uma amiga fazer uma parte da mesa (que é essa árvore maravilhosa). Os ursinhos eram todos de Cauã e de crianças da festa. É bom pensar também sobre o que fazer depois com essa decoração. A gente doou pra uma escola pública, junto com algumas brincadeiras que fizemos. Além disso, pensamos também sobre as lembrancinhas. Acabei esquecendo de tirar fotos das coisas de dentro... Mas antes de sair pra comprar as coisas, eu fiz um painel de inspirações, no power point mesmo, de fotos de festas que eu queria ter como inspiração. Ficou mais fácil visualizar o que eu queria pra festa com essa ferramenta.


As lembrancinhas
Nem toda festa tem lembrancinha. No primeiro ano de Cauã, nós demos mudas de espinafre, que ficaram um mimo! Mas esse ano eu estava meio sem tempo e comprei tudo pronto e misturei. Como eu não dou doces industrializados pra ele, eu não ia dar pras outras crianças também. Então coloquei uma cestinha, com uma mini tela, giz de cera, bolinha de sabão, um anel com luzes que assustadoramente fizeram o maior sucesso entre adultos e crianças e pipoca salgada de saquinho. As crianças mais velhas que estão acostumadas com bombas de açúcar e corante nas festas infantis ficaram um pouco decepcionadas, mas foi interessante ver os pais explicando que não tinha necessidade daquilo para ser legal. 


O cardápio
No primeiro ano de Cauã eu fiz absolutamente todas as comidas. Esse ano também, com adição de uma torta salgada que minha cunhada fez. No primeiro ano dele todas as comidas eram veganas,, e dessa vez só a torta salgada da tia, o brigadeiro e o doce de coco que não eram. Eu tive muita dificuldade em encontrar a tâmara dijon pra fazer o brigadeiro de copo sem açúcar da festa passada, então fiz brigadeiro mesmo. Foi a primeira vez que ele comeu brigadeiro, e é aterrorizador o que o açúcar faz com uma criança. O cardápio dessa festa foi: cachorro quente com salsicha de cenoura (os onívoros estanham bastante), mini sanduíche de hambúrguer de soja, bolo de cenoura com chocolate meio amargo, brigadeiro, doce de coco, bolo de cacau com linhaça com recheio e cobertura de chocolate meio amargo. Com exceção do bolo, todas as comidas foram cortadas e colocadas de modo que todos pudessem pegar quando quisessem.


As brincadeiras
É sempre bom também entreter a criançada e os adultos. Nessa festa eu pude contar com a ajuda de uma amiga e suas filhas pra fazerem uma oficina de desenhos e pintura e um teatro de animais. foi incrível. Além disso, nós alugamos uma cama elástica onde adultos e crianças pularam horrores. A maior parte da festa foi lá. Teve adulto que ficou a festa toda na cama elástica! Foi sucesso total e integrou muito adultos e crianças!
Além disso a gente colocou uma amarelinha com os tapetes de EVA que Cauã tinha, uma caixa com peças de encaixar e também um boliche, que ninguém brincou.
As brincadeiras objetivavam integrar as crianças e os adultos. Foi muito divertido!

Os presentes
No primeiro ano de Cauã, nós pedimos alimentos ao invés de presentes. Eu seleciono bem que tipo de material ele vai ter pra brincar e foco muito mais em qualidade do que quantidade. Pensávamos na inutilidade de uma imensidão de brinquedos que ele ganharia e o que faríamos com isso. Então decidimos por pedir doação de 1kg de alimentos, que depois doamos a algum lugar necessitado.

A festa é pra quem?
O bom mesmo é quando podemos estar a vontade e aproveitar a presença das crianças para estar em contato com as nossas crianças interiores. O que importa pra uma criança não é o cenário, o circo montado para que os adultos e elas estejam desempenhando papéis estabelecidos e aceitos socialmente. O que importa pra uma criança é brincar, estar com quem gosta e se sentir amada. Para uma festa acontecer não precisa de luz, câmera, brilho, fantasias. A imaginação tá dentro da gente. 

Nosso objetivo é passar para Cauã que na simplicidade é que encontramos a felicidade e a alegria de poder compartilhar uma boa prosa e uma gostosa companhia de pessoas que nos fazem bem, 

Nutrir um ao outro de amor, e só! 












segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Faça chuva ou faça sol, quem cria nossa realidade somos nós mesmos.

Para algumas pessoas, dias ensolarados são dias bonitos enquanto dias de chuva são dias feios. 

Sabe, acho uma pena presenciar frases assim. Fico constrangida. Me parece um grande desrespeito ao tempo da natureza. Os dias de Sol são deliciosos, quentes, coloridos. Os dias de chuva são deliciosos, úmidos, refrescantes (em alguns lugares abafantes). Ambos são cheios de vida: os raios de sol e as gotas da chuva.  O sol traz as pessoas pra rua, a chuva pede casa. Me lembra os movimentos do mar, vai e vem. Me lembra a limpeza que fazemos quando tomamos banho. Não se trata de um dia feio ou bonito. Nós podemos ter nossas preferências, mas temos que saber o tempo da natureza. A beleza está nos olhos de quem vê, já dizia alguém que não sei quem é.

Mas nós... nós que estamos habituados a enxergar como possibilidade apenas a dualidade. Nós que insistimos em nos desconectar da nossa natureza e do coletivo não conseguimos muitas vezes enxergar além do que está posto. Cabelo ruim é cabelo crespo, cabelo bom é cabelo liso. Só existe bom ou ruim.

Pura mentira. Vamos desconstruir?

O Universo pode ser muito mais que uma coisa ou outra. Ele é uma coisa E outra. Eu sou boa e ruim também. A física quântica explica. Algumas filosofias também. Nas nossas individualidades tem também coletivos. Estamos todos conectados de alguma forma. Já dizemos nas rodas de mulheres:

Quando eu me curo, eu curo a outra.

Quando passamos a enxergar além das possibilidades postas, convencionais, e possivelmente dentro de nossa zona de conforto, todo um universo se abre. É perceber que se tem um poder de escolha tão absurdamente grande que chega a ser aterrorizador. Você pode fazer o que quiser. Você é dono da sua vida.
É tão simples que chega a ser ridículo!

O poder de decisão está em nossas mãos.
Faça chuva ou faça sol, a vida segue fluindo.
Os dois são essenciais para a vida.

                       

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Do apartamento pra um quarto - Dois cafés

Sua vida está ruim.  Talvez você nem perceba, mas todos os dias acorda de mau humor, fica desanimada rapidamente, reclama, se esconde no facebook, na TV, nas compras, nas festas. Na tentativa de fugir do que você mesma está tentando se mostrar. Você finge estar cega, surda. Adoece, tem dor de cabeça frequente. Está sempre cansada. Dorme demais ou de menos. Come demais ou de menos. Não sabe como respira. Como senta. Como come. O que come. O que sente. O que pensa. Simplesmente não sabe. Não saber parece mais fácil, e por um tempo pode até ser. Você pode até achar que está exercendo sua liberdade, mas na verdade está só cada vez mais presa às armadilhas da vida industrializada. O que o Alex Castro chama de prisões.

Eu vivi algumas dessas situações por algum tempo. Sem perceber. Às vezes a gente acha que a vida é isso mesmo. Afinal, tudo parece tão difícil e moroso. Mas em algum momento eu passei a me perceber. A me escutar, a me ver. A me interpretar. O corpo mandava sinais do que a mente pensava e o coração sentia. E eu, que me achava conectada comigo mesma, me vi tão distante. Numa vida tão distante do que eu gostaria. Cheias de mimimi comigo mesma. Mimimis que não me levaram a lugar nenhum. Até que...

Até que percebi que não precisava ser assim. Afinal, quem é dona da minha vida? Quem pode mudar e fazer acontecer? Se as coisas não estavam boas, mimimis é que não iam resolver. Sair da postura de vítima e ser ativa no processo contínuo da construção de mim mesma revolucionou minha vida. Primeiro foi a decisão difícil tomada conjuntamente: meu companheiro sair de um emprego de funcionário público federal que era em outra cidade e que implicava em viagens desgastantes emocionalmente para todos nós três. Isso implicou na mudança de casa.

De um apartamento de três quartos para um quarto no quintal da casa da sogra. Vender coisas, doar, jogar fora. Praticar o desapego de uma maneira nunca antes pensada. Lembrei dos amigos que fora pro Canadá sem levar quase nada, da amiga que mudou de cidade só com a roupa do corpo... Passei a entender melhor o minimalismo e as necessidades criadas. Entender quanto ao impacto qualitativo que isso tem na nossa vida. Já vi muitas pessoas dizerem que se sentiram livres vivendo só com o que consideravam o essencial, e que era muito pouco. E realmente pude perceber isso na prática. Uma coisa significativa foi a quantidade de roupas. Antes tínhamos um guarda-roupa de 3 portas + uma cômoda para acomodar roupa de cama, banho e vestuário dos três. E aí tivemos que nos adaptar para um guarda-roupa minúsculo de 3 portas pra tudo isso pros três. Foi incrível perceber como realmente dá pra viver com muito menos. Por exemplo: antes tinha muitas toalhas. Nem sei quantas. Agora a quantidade foi pensada. Somos 3, então precisamos de no mínimo 6 toalhas. Quando três estão lavando, 3 estão em uso. A mesma coisa para o jogo de cama. Só temos uma cama. Então temos: 3 lençóis de elástico + 6 fronhas + 4 lençóis (Cauã não usa lençol). E os sapatos? Eu reduzi os meus para: 1 havaiana + 1 sandália arrumadinha + 1 sapato fechado (eu não tenho necessidade de tênis). Nas roupas foi melhor ainda. Doamos muita, muita, muita coisa. O sentimento é incrível. Outra coisa foi material de artesanato. Eu tinha muitas coisas, mas acabei doando para amigas artesãs, porque nunca encontro o tempo para fazer os projetos e estava me tornando uma acumuladora. Ainda assim guardei muitos materiais porque tenho o apego emocional e a esperança de ainda fazer o projeto. Ainda não contei o número de peças no guarda roupa, mas devo fazer isso em breve.
Nunca tinha pensado sobre essas coisinhas. São coisas pequenas que ocupam espaços e criam demandas que levam nosso tempo. Com o minimalismo ficou mais fácil limpar, organizar e ver o que temos. E agora quando chego num ambiente cheio de coisas, fico me perguntando o que a pessoa levaria se tivesse que passar por algo assim.
Nós decidimos como queremos nossas vidas. E esse modelo posto não tá bom pra ninguém. Se o dia a dia estiver como na música da Tulipa Ruiz – Dois Cafés, está na hora de repensar e ressignificar a vida.

Tem que correr, correr
Tem que se adaptar
Tem tanta conta e não tem grana pra pagar
Tem tanta gente sem saber como é que vai
Priorizar
Se comportar
Ter que manter a vida mesmo sem ter um lugar
Daqui pra frente o tempo vai poder dizer
Se é na cidade que você tem que viver
Para inventar família, inventar um lar
Ter ou não ter
Ter ou não ter
Ter ou não ter
O tempo todo livre pra você
O banco, o asfalto, a moto, a britadeira
Fumaça de carro invade a casa inteira
Algum jeito leve você vai ter que dar
Sair pra algum canto, levar na brincadeira
Se enfia no mato, na cama, na geladeira
Ter algum motivo para se convencer
Que o tempo vai levar
Que o tempo pode te trazer
Que as coisas vão mudar
Que as coisas podem se mexer
Vai ter que se virar para ficar bem mais normal
Vai ter que se virar para fazer o que já é
Bem melhor, menos mal, menos mal
Mais normal
Tem que correr, correr
Tem que se adaptar
Tem tanta conta e não tem grana pra pagar
Tem tanta gente sem saber como é que vai
Priorizar
Se comportar
Ter que manter a vida mesmo sem ter um lugar
O banco, o asfalto, a moto, a britadeira
Fumaça de carro invade a casa inteira
Algum jeito leve você vai ter que dar
Sair pra algum canto, levar na brincadeira
Se enfia no mato, na cama, na geladeira
Ter algum motivo para se convencer
Que o tempo vai levar
Que o tempo pode te trazer
Que as coisas vão mudar
Que as coisas podem se mexer

Vai ter que se virar para ficar bem mais normal
Vai ter que se virar para fazer o que já é
Bem melhor, menos mal, menos mal
Mais normal

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Quiche vegana de alho poró



Hoje tem receita de quiche sem nenhuminha crueldade e cheia de nutrientes deliciosos!
Fácil e rapidona de fazer!
Essa receita é sucesso aonde quer que eu vá.
Eu não cozinho muito com medidas, sou mais de ver o ponto, então os cálculos aqui tão aproximados. Cauã ama essa receita e adora devorar com as mãos (e a gente também)!


Ingredientes
Margarina
1 pacote de biscoito cream cracker sem leite
Água
2 xíc castanha de caju
Aveia
Temperos
Alho Poró

Modo de fazer
Pré-aqueça o forno a 180ºC.
1) Quebre os biscoitos e triture no liquidificador até virar uma farinha.
2) Em uma tigela, coloque a aveia junto com a farofa (veja a quantidade que te agrada. Eu acrescento ela para ficar uma massa menos pobre) cerca de 3 colheres de sopa de margarina sem leite e vá amassando com as mãos. O ponto dessa massa é que ela fique úmida, mas não molhada, e que quando você aperte ela fique na forma que você deixar.
3) Unte uma forma rasa (essa receita é para uma forma de cerca de 20cm) com margarina ou óleo. Espalhe a farinha pressionando no fundo da forma de maneira que fique uniforme e relativamente fina (mas não muito, pois pode ficar quebradiça).
4) Coloque no forno e aumente a temperatura para 205ºC. Enquanto a massa assa, vamos fazer a cobertura.
5) Bata no liquidificador a castanha de caju com água. Essa misture não deve ficar líquida como suco, mas numa consistência um pouco mais fina que uma vitamina grossa. Geralmente eu coloco um dedo acima da quantidade de castanha e se precisar adiciono mais depois na panela.
6) Corte os temperos que você gosta de usar (use a criatividade!). Eu uso alho, cebola, pimentão, tomate, alho poró. Primeiro refogo a cebola, acrescento o alho, o tomate, o alho poró, o pimentão e o sal e deixo cozinhar um pouco. Aí adiciono a mistura do liquidificador e misturo, deixando em fogo baixo. O objetivo é que a água evapore e o creme fique mais grosso. Isso é relativamente rápido.
7) Observe se a massa que estava no forno já está durinha. Você passando o garfo ela deve estar com aquela consistência de crocante, mas não ressecada. Se ela estiver farofenta, pode ser que você tenha colocado pouca margarina.
8) Agora é hora de montar: quando a massa estiver pronta, tire do forno, coloque o creme por cima, mas não coloque muito, pois pode ficar impossível de comer com a mão (que é bem mais gostoso) e ficar muito pesada pra massa. Espalhe bem, acrescente umas rodelas do talo do alho poró e polvilhe pimenta do reino se quiser. Eu gosto de colocar um pouco de azeite. Então leve ao forno novamente. O ponto é que ela fique com essa consistência da foto. O creme não vai ficar molhado. É como se ele se moldasse e ficasse mais compacto. Geralmente não leva mais que 15 minutos.
9) Voilá! 

post 2 do desafio 30 ideias em 30 dias!

domingo, 19 de outubro de 2014

30 ideias em 30 dias

Eu queria postar mais. Escrever mais. Ler mais. Surfar. Cozinhar. Fazer mais yoga. Reclamar menos. Curtir mais. Ser leve. Ser mais saudável. Atender gestantes. Criar.

Queria fazer muitas coisas e realmente fazia. Muitas pela metade, algumas por inteiro.

E aí eu encontrei o Decolalab. É um curso de empreendedorismo criativo que tem virado meu mundo de cabeça pra baixo e tirado muita poeira debaixo do meu tapete. Tem sido maravilhoso e ao mesmo tempo assustador.

Faz cerca de dois anos que praticamente me dediquei exclusivamente a maternidade e voluntariamente ao ativismo pela humanização do parto e maternidade ativa. E vinha sentindo cada vez mais necessidade de colocar em prática planos, ideias e sonhos. Não sabia como nem quando.
O tempo foi passando visivelmente rápido, cada vez que observava como Cauã crescia assustadoramente rápido.

A vida passando por mim ou eu passando por ela?

Eu queria passar por ela. #fazeracontecer

Então estou aqui, começando um desafio que joga pra lá toda a procrastinação.
Meu desafio será fazer 30 posts em 30 dias aqui no blog.
Persistência e consistência!

Pre pa ra que a viagem deve ser esquisitamente prazerosa!

Porque sair da zona de conforto exige certa força de vontade!
E dela eu tô cheinha!

Vamos lá!
Te vejo todo dia.

Conheça mais sobre o programa de empreendedorismo criativo da Rafaela Cappai

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Violência obstétrica não é drama, é realidade #VOBR2014

Reposto hoje o post: Violência obstétrica não é drama, é realidade, com algumas edições. O post falava do caso de violência obstétrica em Natal, ocorrido nesse ano. Reposto ele fazendo parte da Ação Coletiva contra a Violência Obstétrica de 2014 (#VOBR2014), em comemoração e promoção do documento publicado pela Organização Mundial de Saúde Prevenção e Eliminação de Abusos, desrespeitos e maus-tratos durante o parto em instituições de saúde


Sabe, uma das coisas que mais me feriu depois que publiquei meu relato nas redes, foi o fato de uma pessoa muito próxima a mim dizer que eu estava fazendo drama. Que meu filho tinha nascido bem e era isso que importava. Isso me doeu profundamente. Quando uma pessoa expõe seus sentimentos e a outra os menospreza é uma falta de humanidade, de compaixão, de amor e de respeito ao próximo. E sim, meu filho estava bem. Mas uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Meu bebê estava bem, mas eu não estava. Ter com quem contar fez toda a diferença pra mim.

Algumas pessoas se mostraram desinformadas e duvidosas sobre o relato da Maria* e da versão do médico Iaperi Araújo. Outras acham puro drama. Muitos alguéns disseram por aí: Eu não acredito que Iaperi tenha feito isso, ele é referência na universidade (o professor tem dedicação exclusiva na UFRN, apesar de ter atendido a paciente em um hospital particular de Natal). 

Pra vocês que pensam assim eu tenho algumas coisas pra falar. Você pode continuar na sua bolha de desinformação ou pode ler e procurar se posicionar de maneira mais consciente sobre o que aconteceu. As pessoas tem lados bons, mas tem lados bem ruins também. E geralmente eles se mostram quando a pessoa tem um poder legitimado. Seja quando ela está em casa e agride a família, seja quando está num hospital e agride uma mulher, como foi o caso.

Sobre a veracidade da história: fatos são fatos
O médico obstetra Iaperi Araújo publicou em seu perfil um desabafo antiético expondo o caso de uma paciente que era chamada pejorativamente de surtada e comedora de placenta. A história contada por ele parecia surreal demais pra ser verdade. Quando vi pensei: tenho certeza que essa mulher foi violentada. Espero que ela consiga justiça e que não fique calada.

Dias depois eu recebi a ligação de uma mulher muito abalada, dizia que queria conversar comigo porque achava que tinha sido vítima de violência obstétrica. Falou mais ou menos aos prantos o que acontecera e combinamos de ir até sua casa para conversarmos pessoalmente e para que eu pudesse dar as orientações possíveis. Não sabia que estaria diante do relato mais sofrido de violência obstétrica da minha vida até agora.

Faz cerca de dois anos somente que venho recebendo diversos relatos de violência obstétrica em nosso estado, em nome do Movimento pela Humanização do Parto e Nascimento. Esse foi sem sombra de dúvida o mais impactante.

Ela e a família começaram a me contar e entre pausas e questionamentos ficou nítido o quanto o caso tinha abalado a todos. Em diversos momentos do relato me segurei para não chorar e conseguir dar o apoio que julgava necessário. Dei as orientações cabíveis, expliquei a ela a necessidade de escrever um relato, tanto para expor sua versão, quanto para seu próprio processo de cura. Manteríamos contato dali em diante e ela poderia contar comigo.

Entrei no carro e chorei bastante. Fico sempre muito tocada com os relatos das mulheres, mas esse... era carregado de tanta violação, de tanto machismo, de tanta omissão de todos que ali estavam e que nada fizeram, de tanta falta de apoio de quem poderia ajudar... Estou desde então sem dormir direito, inquieta. Fico pensando se consigo lidar com tudo isso. As pessoas ao meu redor dizem que tenho que saber diferenciar o que é meu e o que não é, mas pra mim eu e ela estamos conectadas. Assim como todos nós estamos. E eu preciso encontrar uma maneira de mudar isso. Lembro claramente do momento em que decidir criar o Movimento, quando estava lá embaixo numa depressão e quando ainda escutava que a Promater tinha proibido a entrada de doulas depois de alguns partos naturais lindos. Busquei força no meu filho. E em outras mulheres. E lembro de uma frase que me motivou:

Quando eu me curo
Eu curo a outra

Eu ia lutar todos os dias para que nenhuma mulher precisasse passar pelo que passei. E foi isso que me motivou a me fortalecer novamente. Precisava encontrar meu eixo para seguir na luta.

Entrei em contato com as ativistas mais engajadas, com toda a blogosfera materna, com alguns blogs feministas. Contei o caso. Falei do relato, mas não o tinha em mãos. Torcia para que ela escrevesse, mas sabia do quanto escrever sobre o fato era um desafio emocional. Muitas mulheres me procuram, desabafam. Mas poucas conseguem seguir adiante para lidar com isso. Mas ela não. No dia combinado eu recebia o relato virtualmente. Rapidamente o repassei a quem poderia interessar. E então se formava a grande rede de apoio¹.

Então eu sou testemunha de que o que aconteceu aconteceu. Eu mais três ativistas que estão envolvidas com o amparo legal do caso. E uma jornalista. Sim, o caso aconteceu.

Sobre o anonimato
Mas por que ela não tem nome nem cara? Não aparece em nenhum lugar?
Obviamente se você faz essas perguntas, você precisa de mais solidariedade com o outro. Vou te colocar na seguinte situação: imagina que você sofreu um estupro. Você vai fazer o que? Colocar na rede social e sair contando pra todo o mundo? Mas por que você não faria isso? Não é uma situação agradável, não é? Não é uma situação que você queira reviver com essa frequência.

Agora imagina a situação da Maria*. Era o momento mais legal que ela poderia viver, o nascimento de seu filho. E esse momento foi roubado. Ela foi violentada, se sentiu abusada sexualmente. E mesmo assim cuida de seu filho 24h por dia como qualquer outra mãe no puerpério, lidando com todas as dificuldades naturalmente já impostas por essa fase. Mas além disso ela tem que lidar com pessoas insensíveis que emitem julgamento porque reconheceram ela pela publicação do médico Iaperi. A publicação teve sim repercussão negativa em sua vida.

Então não, ela não vai se expor mais ainda. Ela quer curtir o que lhe resta. E para ter voz ela não precisa ter cara. Todas nós mulheres damos voz a ela. E trabalharemos até que algum tipo de justiça seja feito. E vamos nos unir e nos fortalecer cada vez mais para mudar esse sistema.

Violência obstétrica não é drama, é realidade.
Mas depois de ler isso tudo pode ser que exista pessoas que acham que possa ter acontecido algo sim, mas que a história é muito dramática.

Xa eu falar uma coisa pra você: Violência obstétrica não é drama, é realidade.

Muitas mulheres nem sabem que sofreram violência obstétrica. Mas relatam sentirem uma memória ruim em relação ao parto. Nessa sociedade machista e nesse sistema patriarcal (sim, sou feminista e luto pela igualdade), com a interpretação pra lá de medieval do “parirás com dor”, a mulher que luta pela autonomia de seu corpo e de sua vida é taxada de surtada, com o objetivo de humilhá-la e deslegitimar seu poder de escolha.

Então, vou colocar algumas fontes confiáveis para você se informar e ver que violência obstétrica não é drama e que é uma realidade das maternidades públicas e privadas brasileiras. Ah, vale ressaltar que cesárea não salva ninguém de violência não tá? A violência obstétrica é institucional e de gênero. Ou seja, só por ser mulher é um fator de risco.
Vamos lá:
Não importa sua opinião pessoal sobre a mulher. Houve agressão, realização de procedimentos contrários às diretrizes do MS e da OMS, à portaria 371 e muita falta de respeito. Isso é uma violência. 

Mas se você ainda não ficou sensibilizado com o caso, faça o seguinte: fique grávid@ ou acompanhe alguém grávida que queira ter um parto natural, seguindo as recomendações da OMS, e diga que tem direito de decisão sobre seu corpo, que você quer respeito a sua autonomia e você terá uma grande probabilidade em testemunhar atos de violência obstétrica. Porque você está indo contra um sistema muito produtivo para a indústria do nascimento. Porque você depois vai ter que ir contra o corporativismo médico. Porque as pessoas esqueceram do que é prestar o cuidado. E a violência preenche as práticas rotineiras intervencionistas desses profissionais da assistência ao parto e nascimento.

Mas eu queria encontrar ela para dar um apoio
Deixe sua mensagem de apoio aqui: http://nosnaodormimos.tumblr.com/

E o que vocês estão fazendo?
Estamos em rede de apoio. A Lígia, do Cientista que virouMãe e as mulheres da Artemis estão coladinhas com o caso para ter encaminhamento, como o ocorrido com o caso de Adelir. Uma denúncia já foi entregue e acompanharemos o encaminhamento.


¹O Movimento pela Humanização do Parto e Nascimento no Brasil tem uma força muito grande, porque trabalha em rede. Se você sofreu violência obstétrica em Natal e se sente preparada para denunciar, denuncie. Você não está só. É extremamente essencial que a violência obstétrica saia da invisibilidade. Precisamos mudar essa realidade, todos os dias. Se você testemunhar alguma violência também, não fique calado. Ajude a fazer uma sociedade de paz.


Juntas somos mais fortes